ESCUDO DO FUTRICA A.F.M. |
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REPORTAGEM:
Portal Toque de Bola
Referência de esportes na
internet
Texto: Thiago Stephan - Atualizado
em: 27/07/2012 10:38
Futrica, entidade benemérita também no esporte
No
dia 2 de julho, o Bar do Futrica foi homenageado na Câmara Municipal com o
título de Entidade Benemérita por ser considerado uma instituição de alta relevância para Juiz
de Fora. Quem é frequentador do estabelecimento sabe também da importância que
a Família Vieira teve e tem para o esporte da cidade, sobretudo
no que diz respeito a duas modalidades: futebol e futebol de mesa, paixões que
atravessam gerações dos Vieira e deixa seu nome marcado na história da cidade.
Para contar esta saga, o Toque de Bola ouviu um dos proprietários do bar e
restaurante, Sidney Vieira. Organizado, ele guarda os registros do tempo em que
era jogador, técnico e supervisor de futebol, uma fase que, segundo ele, ficou
no passado. Atualmente, ele divide seu tempo entre as atividades na familiar
empresa, que administra ao lado do irmão, Ademir, a família e a Futrica
Associação de Futebol de Mesa, que funciona em sua casa, no bairro Vila Ozanan.
O início
A
história da família com o esporte começou com Geraldo Vieira, pai de Sidney e Ademir, no final
da década de 1950. Em 1958, “seu” Futrica, como era conhecido, fundou um time
para meninos: o Flamenguinho da rua Henrique Surerus, no bairro Ladeira. Deste
time sairiam dois jogadores que tiveram grande projeção no futebol brasileiro:
Cafuringa (jogou no Botafogo, Fluminense e Atlético-MG, entre outros) e
Waltencir (atuou no Botafogo, Colocado-PR e chegou a fazer um jogo pela Seleção
Brasileira).
“Éramos
garotos e meu pai sentiu-se na obrigação de fazer um time para nós jogarmos.
Como não conseguíamos jogar no time principal, chegou a ter três equipes: Flamenguinho,
Rubro Negro e Expressinho. O jogo de camisa do Expressinho ele conseguiu
após partida contra o Vasquinho do JK. Quem perdesse entregava a camisa. O
Flamenguinho ganhou de 4 a 0”, relembra Sidney, rindo.
O
time fez muito sucesso e, em 1962, Futrica foi
chamado para trabalhar no Sport. Levou todos os jogadores do Flamenguinho, base
do time tricampeão juiz-forano juvenil entre 1963 e 1965. Entre eles estavam
Sidney e Ademir. Em 1966, Futrica saiu do Sport e foi para o Tupynambás. Levou
o time com ele e foi, novamente, tricampeão, de 1967 a 1969), desta vez
nos juniores.
Dos
dois irmãos, foi Sidney quem acabou tendo um envolvimento maior com o esporte.
Jogou no Flamenguinho, no Sport, Tupynambás e, por último, no Nacional do
Ladeira. Chegou a jogar profissionalmente no Baeta e no time adulto do Sport,
mas como amador. “Todo mundo sonhava em ser jogador de futebol. Minha decepção
foi quando recebi um convite para ir para o Cruzeiro. Fui, mas nem cheguei a
jogar. Não consegui me adaptar ao ambiente. Não sei explicar, mas aquele não
era o meu ambiente”, afirma.
Do campo para o banco:
revelando talentos
Desistir
do futebol? Que nada! Em 1981, após receber convite do diretor Saulo, foi
treinar o time juvenil do Sport. No ano seguinte, chegou ao título da Liga de
Futebol de Juiz de Fora (LFJF). Posteriormente, recebeu outro convite, desta
vez para treinar as categorias de base do Vila Branca, no bairro Monte Castelo.
Ficou cinco anos até ser campeão juvenil da LFJF. Tinha um trato com a
diretoria do clube: depois de ser campeão, sairia. Nesta época, treinou o José
Bonifácio, o Zebu.
Já na
década de 1990, montou a escolinha do Futrica no Esporte Clube São Carlos.
“Tinha o campo entre 7h e 9h para fazer a escolinha. Tudo com o aval da
diretoria. Até hoje somos parceiros”, afirma. Foram três anos e muitos garotos.
“Foi o trabalho que me abriu as portas do Sport, mas só iria com o aval da
minha esposa. Fui e fiquei lá por cerca de dez anos como supervisor. Cheguei a
ter 500 alunos em um único ano. Um torneio interno teve 16 equipes”, relembra.
Depois,
veio a última atividade ligada ao futebol. “Meu encerramento foi um trabalho de
dois anos na Aldeia SOS, no futebol feminino. Hoje, o que continua é a minha
paixão pelo futebol de mesa. Meus familiares não querem que eu mexa com o
futebol novamente. Para quem leva a coisa a sério, satura muito. É uma paixão
também, mas cheguei até a ficar internado”, revela, para depois acrescentar:
“Sei o que meu pai passou. Às vezes, com time campeão, chega um diretor novo
que não gosta da gente e manda embora. A parte política supera a parte técnica.
Aconteceu com o meu pai e comigo também”, comenta Sidney.
Futebol de Mesa
Paralelamente
ao futebol, Sidney nunca deixou de promover as competições de Futebol de Mesa.
“Quando começamos, chamava Liga Baeta de Futebol de Mesa, depois mudou para
Liga Amadorista de Futebol de Mesa e, posteriormente, Futrica Associação de
Futebol de Mesa (FAFM), quando foi feito o registro, em 1967”. Neste
período, 432 pessoas passaram pelo Futrica. Atualmente, são 35 botonistas.
Ao
longo de todo esse tempo, a FAFM passeou entre diferentes regras. Foi do
Dadinho para a Bola Três Toques, voltou para o Dadinho e agora inicia as
atividades no Dadinho 9 x 3. “Os títulos são importantes, mas nem tanto. Ficam
as lembranças de alguns que já foram. Me recordo muito do José Henrique Winter.
Guardo as lembranças dele com saudades. Ele foi um baluarte do Futebol de Mesa.
Tem outros elementos que também foram importantes para o Futebol de Mesa, o
Gilson Nogueira, por exemplo, que criou a Liga Juiz-forana de Futebol de Mesa”,
relembra Sidney. Gilson está vivo e mora no bairro São Mateus.
O
início da paixão pela modalidade está ligado à atividade da mãe. “Minha
mãe costurava e tinha uma caixa com botões de vários tamanhos. Eu gostava de
fazer campeonatos contra eu mesmo. Separava os botões das mesmas cores e
formava os times do Campeonato Carioca. Pegava a tabela e fazia o meu
campeonato particular. Tinha todos os registros, mas perdi com o tempo”,
observa.
O
veterano botonista espera que o futuro da FAFM fique resguardado. Para
isso, ele fez um pedido especial para o seu neto, Nycolas. “Com a vinda dos
meus netos, um tem seis anos e o outro dois, e eles já são apaixonados, a gente
fica satisfeito de ver que o Futebol de Mesa vai prosseguir. Fiz um pedido ao
Nycolas para que ele nunca vendesse a nossa casa. O avô não vai ficar aqui
eternamente. Queria que ele mantivesse o Futebol de Mesa lá em casa. Cada
domingo que chega é uma novidade. Agora, fiz um quadro com o nome de todos os
campeões e coloquei na parede. É importante para o cara ver o nome dele lá.
Isso é muito bacana”, comentou, sentado em uma mesa do seu bar.
Além de
criar amizades, as atividades da FAFM também foram importantes para
revelar nomes de ponta do Futebol de Mesa nacional, casos de Luiz Henrique
Colla, Leonardo Stumpf, Rodrigo Cunha, Leandro (Leco) Benício, entre
outros. Rondinely Vieira, seu filho, também é um grande botonista, mas optou
por jogar apenas competições locais. Atualmente, ele divide com o pai a
organização dos torneios. Nycolas, filho de Rondinely, neto de Sidney e bisneto
de Geraldo, já participa, dando a sensação de que essa história ainda vai
longe. O primo Bernardo, dois anos, já sabe o nome de time que foi
registrado na FAFM: “Paraná”.
Sidney
sempre foi torcedor do Tupynambás. Rondinely prefere o Sport. Nycolas era
Baeta, mas virou carijó. “Sabe por que meu neto é Tupi? Ele era Baeta. Um
dia, ele virou para mim e disse que o time dele não jogava. Foi por isso que
ele trocou. Hoje, eu também torço pelo Tupi, mas meu coração é Baeta”, revela,
saudoso do tempo em que o Tupynambás tinha um futebol forte.
Bar, doce bar
Em
1957, “seu” Futrica adquiriu o bar de um cipriota. Desde então, o
estabelecimento não mudou muita coisa. A disposição das mesas e do balcão
continua a mesma, assim como a maneira de atender. Ao longo deste período, o
local virou ponto de encontro dos amantes do futebol, entre eles diversos
jornalistas. “Tive a felicidade de conhecer grandes repórteres e comentaristas,
como Mário Helênio, João Batista de Paula, Maurício Menezes, Flávio Ciscoto,
Paulo Roberto Simão, Jamil Saleme, Ivan Elias, Ricardo Wagner, Dirceu Costa
Ferreira, Geraldo Gehein, Geraldo Mendes, entre outros”, disse Sidney.
O
local também foi frequentado por um dos grandes nomes do futebol nacional. “O
João Saldanha era amigo particular do meu pai. Todas as vezes que estava na
cidade, vinha ao Futrica. Nas transmissões que participava, costumava citar o
bar. Veio muitas vezes. Parece que ele tinha uma namorada em Juiz de Fora”,
explica Sidney.
Sobre
o título de Entidade Benemérita, Sidney destaca que foi muito marcante. “O bar
ter sido considerado Entidade Benemérita foi marcante para toda a família.
Temos que agradecer à cidade, aos fregueses”, afirma, emocionado.
Confira abaixo fotos que comprovam a relação dos
proprietários do Bar do Futrica com o Futebol. Passe o mouse sobre as imagens para obter informações
das mesmas. Breve, fotos do Futebol de Mesa.
Texto: Thiago Stephan
http://www.toquedebola.esp.br/nossa-historia/2012/07/futrica-entidade-benemerita-tambem-no-esporte/
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